quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O Espaço/Tempo decifrado...


O Tempo Decifrado

Célia Laborne Tavares

Às vezes, reconhecer o caminho pode se tornar tão doce que os amigos começam a decifrar nos teus olhos o tempo de primavera, o início da festa.

Primeiro um olhar, um espanto e a surpresa de achar teus olhos iluminados, tua voz mansa, tua palavra firme. O gesto que habita o corpo não é mais o aceno do adeus ou do desespero; antes, é um cumprimento de recém-chegado, é o aperto de mão do que está um pouco à frente.

Depois, não apenas os amigos notam a diferença, mas ela cresce e se desdobra sobre quase todos, num repartir de idéias, num comungar de passos para que todos cheguem o mais cedo possível junto à fonte.

E, quando as manhãs começam a despontar, assinalando os atalhos, para o cumprimento do amor maior, fácil é distribuir alegrias entre as sombras dos que ainda dormem; dos que estão presos ao fantasma dos sonhos da terra e de seus liames.

Quando, ainda em pleno inverno, as noites se limpam para que o sol chegue mais cedo, a comemoração é uma necessidade que atinge todos os que têm o coração preparado. Todos os que perguntaram ao silêncio germinam na espera da primeira aurora...

É tempo de renovar, de iluminar, de recriar, porque as horas estão sempre contadas para todos e, cada instante pode ser preciso no cômputo final das partidas e chegadas.

E tu, com teus olhos transparentes, sabes que são apenas preliminares da festa este anunciar de fogos, este afinar de instrumentos para iniciar a harmonia. Entretanto, mesmo assim todos começam a perceber que tu esperas a luz e já encontraste o mapa do roteiro.

Tua claridade é tão visível que mesmo os que ainda têm névoa nos olhos começam a perceber a crisálida que aflora, como conquista própria das variadas buscas.

Deixa, portanto, que as palavras, agora, sejam festas em teus lábios até ontem mudos, para que os amigos recebam o convite maduro de tuas experiências. Deixa que expandam tuas vitórias, para que elas sejam compartilhadas.

De repente, reconhecer o caminho, pode confortar e ampliar as responsabilidades, como se as sementes houvessem sido postas em tuas mãos para serem usadas em terreno próprio e tempo justo.

Por isso, aguarda o início do canto para que as intensas vibrações do amor propaguem-se perto ou longe de tua morada; pois não importa quanto e quem deva começar a colheita de teus frutos.


A pérola está a teu alcance.

...

In, O Quinto Lótus
Conheça mais sobre a poetisa no seu Blog "Vida em Plenitude", clicando aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário