O Tempo Decifrado
Célia Laborne Tavares
Às
vezes, reconhecer o caminho pode se tornar tão doce que os amigos começam a
decifrar nos teus olhos o tempo de primavera, o início da festa.
Primeiro
um olhar, um espanto e a surpresa de achar teus olhos iluminados, tua voz
mansa, tua palavra firme. O gesto que habita o corpo não é mais o aceno do
adeus ou do desespero; antes, é um cumprimento de recém-chegado, é o aperto de
mão do que está um pouco à frente.
Depois,
não apenas os amigos notam a diferença, mas ela cresce e se desdobra sobre
quase todos, num repartir de idéias, num comungar de passos para que todos
cheguem o mais cedo possível junto à fonte.
E,
quando as manhãs começam a despontar, assinalando os atalhos, para o
cumprimento do amor maior, fácil é distribuir alegrias entre as sombras dos que
ainda dormem; dos que estão presos ao fantasma dos sonhos da terra e de seus
liames.
Quando,
ainda em pleno inverno, as noites se limpam para que o sol chegue mais cedo, a
comemoração é uma necessidade que atinge todos os que têm o coração preparado.
Todos os que perguntaram ao silêncio germinam na espera da primeira aurora...
É
tempo de renovar, de iluminar, de recriar, porque as horas estão sempre
contadas para todos e, cada instante pode ser preciso no cômputo final das
partidas e chegadas.
E
tu, com teus olhos transparentes, sabes que são apenas preliminares da festa
este anunciar de fogos, este afinar de instrumentos para iniciar a harmonia.
Entretanto, mesmo assim todos começam a perceber que tu esperas a luz e já
encontraste o mapa do roteiro.
Tua
claridade é tão visível que mesmo os que ainda têm névoa nos olhos começam a
perceber a crisálida que aflora, como conquista própria das variadas buscas.
Deixa,
portanto, que as palavras, agora, sejam festas em teus lábios até ontem mudos,
para que os amigos recebam o convite maduro de tuas experiências. Deixa que
expandam tuas vitórias, para que elas sejam compartilhadas.
De
repente, reconhecer o caminho, pode confortar e ampliar as responsabilidades,
como se as sementes houvessem sido postas em tuas mãos para serem usadas em
terreno próprio e tempo justo.
Por
isso, aguarda o início do canto para que as intensas vibrações do amor
propaguem-se perto ou longe de tua morada; pois não importa quanto e quem deva
começar a colheita de teus frutos.
A
pérola está a teu alcance.
...
In, O Quinto Lótus
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