Michel Maffesoli: sobre o “sonho, o jogo, o
onírico, o lúdico, o imaginário” na educação e na pesquisa em educação
"A
pesquisa só terá futuro se ela estiver de acordo com a vida social, se ela
souber propor novas palavras, se ela souber propor novas metáforas, se ela
souber propor novas intuições que são, aliás, a origem de todas as grandes
descobertas.
(...)
O sistema
educativo não corresponde mais à realidade social. É aí que me parece
necessário encontrar outro modelo de integração das novas gerações na vida social.
É isso a socialização. Cada espécie animal precisa, de alguma maneira,
socializar os jovens. A educação foi um modelo. Funcionou, mas não funciona
mais. É por isso que propus que, em vez da educação, era preciso voltar à outra
maneira de socializar que é a iniciação. Iniciação não é educação. A educação
consiste em puxar. A iniciação consiste em acompanhar. Se a educação é moderna,
para mim o modelo de socialização pósmoderno será a iniciação. É um problema
para você, que é de uma revista de educação, mas acho que a educação não
funcionará mais. No entanto, existe um desejo de iniciação. Eu dou um exemplo
bem simples. O sucesso de livros e filmes como Harry Potter, por exemplo,
repousa essencialmente sobre um esquema que não é um esquema educativo, mas um
esquema de iniciação, com provas, com mortes simbólicas, com a integração do
imaginário, com a integração do jogo etc. Assim como o modelo educativo era um
modelo racional, o modelo de iniciação – que era o modelo das sociedades
primitivas, pré-modernas, e, também, pós-modernas, porque muitas coisas da
situação pós-moderna vêm da situação pré-moderna – vai se basear nessa
expansão. É mais ou menos a mesma coisa que para o trabalho. A criação é uma
expansão do trabalho. Para mim a iniciação é um enriquecimento da educação.
Trata-se de reintroduzir o que a educação tinha eliminado: o sonho, o jogo, o
imaginário."
MAFFESOLI,
Michel; ICLE, Gilberto. Pesquisa como
Conhecimento Compartilhado: uma entrevista com Michel Maffesoli. Educação
& Realidade, vol. 36, núm. 2, mayo-agosto, 2011, p. 523 e 527. Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil
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