domingo, 30 de novembro de 2014

“Educação da infância, gênero e brincadeiras”: uma conversa com Daniela Finco


“Educação da infância, gênero e brincadeiras”
Profª Drª Daniela Finco
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

01 de dezembro de 2014
19 horas
Sala 48 (2º. Andar) FAED/UDESC
Itacorubi . Florianópolis . SC

Realização
GEDIN e NUPEIN

Saiba mais sobre a Brinquedoteca FAED, clicando aqui.

Reproduzido de Brinquedos e Brincadeiras
25 nov 2014

sábado, 29 de novembro de 2014

1º Concurso de Curtas da UDESC com inscrições até 04/03/2015


Primeiro concurso de curta-metragens da Udesc oferece R$ 12 mil em prêmios

Buscando fomentar iniciativas artístico-culturais, a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) lançou um concurso para premiar obras audiovisuais, com o apoio da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (SOL). As inscrições, que são gratuitas e abertas ao público, ficarão abertas até 4 de março e deverão ser feitas na internet.

O 1º Concurso de Curtas da Udesc tem a frase "Inspirando histórias" como tema e pretende selecionar curta-metragens que demonstrem a forma como a universidade influencia a vida das pessoas e da sociedade nos diversos campos do conhecimento.

Segundo o pró-reitor de Extensão, Cultura e Comunidade, Mayco Nunes, a Udesc contribui para o desenvolvimento da sociedade catarinense por meio de ações que promovem educação, cultura, ciência e ações sociais. "O objetivo dessa iniciativa é selecionar obras que retratem essa influência na vida das pessoas", diz.

"Para participar, os interessados devem ler o edital, produzir um vídeo e fazer o upload do arquivo para o site indicado à visualização, deixando a obra à disposição dos jurados", explica o coordenador de Cultura da Udesc, Ivan Tonon.

Ele destaca que os amadores podem e devem se inscrever no concurso. "Fizemos um tutorial para orientar aqueles que querem começar", destaca. Depois de serem selecionados por um júri especializado, os vídeos poderão ser visualizados e votados pelo público em geral.

Tonon afirma que "a opinião das pessoas contará no cômputo geral, pois a votação é uma forma de interagir com o público e dar um retorno aos artistas sobre a forma como os curtas afetam a plateia".

Leia o edital e inscreva-se na internet. Para saber como fazer seu vídeo, acesse o tutorial.

Mais informações sobre o concurso podem ser obtidas pelo telefone (48) 3321-8033, das 13h às 19h, e pelo e-mail proex.reitoria@udesc.br

Reproduzido de UDESC Notícias
29 nov 2014

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Lançamento do Processo de Elaboração Plano Estadual Decenal de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes de Santa Catarina


Lançamento do Processo de Elaboração Plano Estadual Decenal de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes de Santa Catarina

09 de dezembro de 2014
14h às 18h
Auditório Deputada Antonieta de Barros/ALESC
Florianópolis

O Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Deputado Serafim Venzon, a Secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Habitação (SST) e o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA), convidam para o Evento de Lançamento do Processo de Elaboração Plano Estadual Decenal de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes de Santa Catarina, que acontecerá das 14h às 18h do dia 09 de dezembro de 2014, no Auditório Deputada Antonieta de Barros, na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina.

Inscrições on line clicando aqui.

Recebido via e-mail CMDCA
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Florianópolis
25 nov 2014

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Rede Brasileira Infância e Consumo lança site na Internet


Rede Brasileira Infância e Consumo lança site na Internet

No dia 20 de novembro de 2014 a Convenção sobre os Direitos da Criança completa 25 anos. A Rede Brasileira Infância e Consumo, Rebrinc, escolheu a data para lançar oficialmente seu site e ampliar a divulgação do seu trabalho em defesa dos direitos de crianças e adolescentes diante das relações com o consumo.
Junte-se a nós.



Conheça o site da Rebrinc clicando aqui.

domingo, 16 de novembro de 2014

Celebrando os Direitos das Crianças no Brasil e no Mundo em 20 de novembro de 2014


Direitos das Crianças

20 de novembro de 2014

25 anos da Convenção sobre os Direitos da Criança (1989-2014)
55 anos da Declaração Universal dos Direitos das Crianças (1959-2014)

No ano de 2014 celebramos os 55 anos da Declaração Universal dos Direitos das Crianças (ONU, 1959) e, os 25 anos da Convenção Sobre os Direitos da Criança (ONU/UNICEF, 1989), promulgada pelo Brasil em 21 de novembro de 1990. Estes documentos são marcos legais, internacional e nacional, dos direitos das crianças e dos adolescentes.

O Marco legal Internacional e Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

Declaração Universal dos Direitos da Criança

Os princípios e valores da Declaração Universal dos Direitos Humanos serviram de base para a elaboração de inúmeros tratados internacionais e para a formulação da Doutrina da Proteção Integral das Nações Unidas para a Infância, uma construção filosófica que teve sua semente na Declaração Universal dos Direitos da Criança, de 1959, em que foi desenvolvido o princípio do “interesse superior da criança” , destacando-se os cuidados especiais em decorrência de sua situação peculiar de pessoa em desenvolvimento.

A Convenção sobre os Direitos da Criança

Aprovada por unanimidade na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 20 de novembro de 1989 e assinada pelo Brasil em 26 de janeiro de 1990 (promulgada em 21 de novembro de 1990), a Convenção Internacional dos Direitos da Infância é o tratado sobre os Direitos Humanos mais ratificado na história. Sua elaboração tem origem em 1979 – Ano Internacional da Criança – a partir de um grupo de trabalho estabelecido pela Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas suas diretrizes já estão contidas na Declaração Internacional dos Direitos da Criança, aprovada em 20 de novembro de 1959. A Convenção foi adotada por todos os Estados, com exceção apenas dos Estados Unidos e da Somália.

Composta por 54 artigos, divididos em três partes, seu preâmbulo define o conceito de criança em seu artigo 1º, como sendo o ser humano menor de 18 anos de idade, ressalvando aos Estados-partes a possibilidade de estabelecerem, pela lei, limites menores para a maioridade. No caso do Brasil, com a vigência do novo Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406, de 10/1/2002, que entrou em vigor em 13/1/2003), a maioridade civil é atingida aos 18 anos de idade[1]. Da mesma forma, a Convenção estabelece parâmetros de orientação e atuação política de seus Estados-Partes para a efetivação dos princípios nela estabelecidos, visando ao desenvolvimento individual e social saudável da infância, tendo em vista ser este o período fundamental da formação do caráter e da personalidade humana.

A proteção especial à criança foi afirmada na Declaração de Genebra sobre os Direitos daCriança de 1924 e na Declaração sobre os Direitos da Criança, adotada pela Assembleia-Geral em 20 de novembro de 1959, e reconhecida na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Pacto Internacional de Direitos Civis ePolíticos (particularmente nos artigos 23 e 24), no Pacto Internacional deDireitos Econômicos, Sociais e Culturais (particularmente no artigo 10) e nos estatutos e instrumentos relevantes das agências especializadas e organizações internacionais que se dedicam ao bem estar da criança.

A convenção aprovada em 1989 institui o paradigma da proteção integral e especial de crianças e adolescentes.

Da situação irregular à Doutrina da Proteção Integral – um pouco da história

Até o final da década de 1980 vigorou no Brasil a Doutrina da Situação Irregular, representada juridicamente no Código de Menores, desde 1927. Sua reformulação, em 1979, apesar de acontecer sob a vigência da Declaração Internacional dos Direitos da Criança (de 1959), manteve os princípios da teoria menorista da situação irregular, e recebeu inspiração do regime totalitário e militarista repressor e excludente vigente no País. O Código de Menores expressou a visão do Direito do Menor, “um conjunto de normas jurídicas relativas à definição da situação irregular do menor, seu tratamento e prevenção”. Foi ideologicamente construído para intervir na infância e na adolescência pobre e estigmatizada. Legislação paternalista, autoritária, assistencialista e tutelar, cuja visão de criança e adolescente era de objeto de intervenção da família, do Estado e da sociedade. Suas bases conceituais sustentavam a exclusão e o controle social da pobreza. Na prática, garantia a intervenção estatal aos “menores desamparados” e a sua institucionalização e encaminhamento precoce ao trabalho. À criança pobre apresentavam-se duas alternativas: o trabalho precoce, como fator de prevenção de uma espécie de delinquência latente, e a institucionalização, como fator regenerador de sua fatal perdição. Mas, na década de 1980, a conjuntura nacional de redemocratização pressionada pelos movimentos sociais, conjugado ao cenário internacional com a elaboração de documentos preparatórios da Convenção dos Direitos da Criança, contribuem para fortalecer no País a tese da doutrina da Proteção Integral.


Os direitos das crianças e dos adolescentes na Constituição Federal de 1988

No Brasil, o movimento de defesa dos direitos de crianças e de adolescentes alcançou seu maior êxito na década de 1980, no processo de elaboração da novaCarta Constitucional do País, a partir da emenda popular denominada “Criança, prioridade nacional”, liderada pelo Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua (MNMMR) e Pastoral do Menor, que mobilizou a sociedade brasileira de norte a sul, registrando 1,5 milhão de assinaturas na emenda popular que deu origem ao artigo 227 da Constituição Federal de 1988.


Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Com a aprovação do artigo 227 da Constituição Federal, o Brasil antecipou as diretrizes da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, aprovada no ano seguinte, em 1989. Não por acaso, o artigo 227 é uma síntese da Convenção, cujo rascunho o Brasil teve acesso privilegiado antes de sua aprovação.

A promulgação da Constituição Federal de 1988 estabelece o Estado Democrático de Direito, define que todas as crianças e adolescentes são sujeitos de direitos, universaliza os direitos humanos e determina a participação popular na gestão das políticas. O passo seguinte dos movimentos de defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes foi a luta pela inclusão dos direitos da criança e do adolescente nas constituições estaduais e leis orgânicas municipais e, simultaneamente, a luta pela remoção do entulho autoritário – substituição da legislação anticidadania, como era o caso do Código de Menores.

O Estatuto da Criança e do Adolescente

A Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é o detalhamento do artigo 227 da Constituição Federal e a tradução brasileira da Convenção Internacional dos Direitos da Criança. O Estatuto é o arcabouço jurídico da Doutrina da Proteção Integral universalizada na Convenção. Tanto o artigo 227 da Constituição Federal, quanto o Estatuto da criança e do Adolescente tem seus fundamentos na normativa internacional considerando a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Declaração universal dos Direitos da Criança, a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, as Regras de Beijing, as Diretrizes de Riad, entre outros, que tratam dos direitos fundamentais e da proteção integral de crianças e de adolescentes.

“Não existe na América Latina nenhum outro processo tão participativo como o de construção e implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente”, afirma o jurista argentino Emílio García Méndez. O Estatuto não foi só uma mudança de conteúdo, mas uma mudança no processo de construção de uma lei. No entanto, apesar do envolvimento da sociedade civil como um todo, de acordo com ele, as instituições de educação não se envolveram muito com o movimento porque teria percebido o Estatuto mais como um fator de mudança em áreas de proteção especial do que um instrumento garantidor de direitos mais universal. Segundo o antropólogo Benedito dos Santos, coordenador nacional do Movimento Nacional deMeninos e Meninas de Rua (MNMMR) à época da aprovação do Estatuto, o processo de discussão e aprovação do ECA mobilizou crianças, comunidades de base, associações profissionais, entidades dos movimentos sociais, igreja, academia. “Foi uma das maiores mobilizações em torno da aprovação de uma lei já vista na história do País”, avalia. Curiosamente, segundo Benedito, a grande ausência no processo de mobilização pela aprovação do Estatuto foram as instituições da área de Educação.

Em substituição à doutrina da situação irregular representada no antigo Código de Menores, o Estatuto da Criança e do Adolescente eleva os status das crianças e dos adolescentes como sujeitos de direitos, e ao mesmo tempo, por se encontrarem em condição peculiar de desenvolvimento, reconhece que são vulneráveis e merecem proteção integral e especial pela família, sociedade e Estado. Atribui ao Estado a responsabilidade pela criação das políticas públicas específicas e básicas para garantia dos direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes.

O Estatuto, entre outras conquistas importantes, institui os conselhos dos direitos da criança e do adolescente em todos os níveis, nacional, distrital, estaduais e municipais, com o caráter deliberativo e de controle das ações governamentais e não- governamentais, de composição paritária, com o objetivo de assegurar políticas para a efetivação dos direitos; e os conselhos tutelares, com o papel de zelar pelo cumprimento da Lei e atender os casos de violações dos direitos de crianças e adolescentes.

Reproduzido e anotado de DHNet
16 nov 2014

Mais informações sobre os Direitos das crianças, em Comitê dos Direitos da Criança/ONU, clicando aqui.



[1] Até 10 de janeiro de 2003 a maioridade civil estava fixada pelo Código Civil Brasileiro em 21 anos de idade. A partir da promulgação da Lei nº 10.406/2002, que instituiu o novo Código Civil Brasileiro, a maioridade civil passou a ser de 18 anos. Lei nº 10.406/2002 - Art. 5º A menoridade cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) define em seu artigo 2º “Considera-se criança, para efeitos desta Lei, a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e adolescentes entre 12 e 18 anos de idade”. Entretanto, o parágrafo único do artigo 2º do ECA permite aplicação excepcional de seus dispositivos até os 21 anos de idade. Esta excepcionalidade ocorre nos casos de tutela, adoção, termo final de aplicação de medida socioeducativa e assistência de relativamente incapazes, conforme, respectivamente, os artigos 36, 42, 121 e 142 do Estatuto. O art.5º do novo Código Civil efetivamente não revogou as disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente, que estabelecem a aplicação de medidas sócio-educativas às pessoas entre 18 e 21 anos (artigos 2º, § único, 104, § único, 112/125, com destaque para o art.121, § 5º, da Lei nº 8.069/90 - ECA).

sábado, 15 de novembro de 2014

André Gravatá: Carta aberta ao mestre Manoel de Barros


Carta aberta ao mestre Manoel de Barros

Querido Manoel, não sei como começar esta carta… ela é uma tentativa de amarrar o tempo no poste. Como a gente amarra o tempo no poste, mestre Manoel? Esta carta é um vareio da imaginação, bem como o vareio que o senhor teve aos sete anos, quando tentou pegar na bunda do vento. Amarrar o tempo no poste é como pegar na bunda do vento?

Soube que o senhor está internado, temporariamente impossibilitado de pendurar bentevis no sol. O que o senhor tem que barra os bentevis? Há uma pergunta que dança em mim: os anos pesam o peso da pedra ou do algodão ou da pedra e do algodão ao mesmo tempo?

Escrevo-lhe esta carta para agradecê-lo pelo que fez por mim sem nem saber que fez. Pois foi com o senhor que se quintuplicou em meus voos a importância de apalpar as intimidades do mundo.

Foi com o senhor que descobri a esticadeza de horizontes e o carregamento de água na peneira. {Minha mãe até hoje reclama por eu passar todos os dias carregando água na peneira. Abaixo há uma foto minha com a peneira em que peneireio nascentes desde menininho.}


Foi com o senhor que aprendi a sapiência do bocó. Que aprendi a ser endivinado pelo orvalho e desaprendido pelas horas do dia. Que aprendi que dá para pegar na voz de um peixe. {Estava numa loja de papéis, e a pessoa que me atendeu disse que o filho dela, de uns 6 anos, gosta de poesia. Daí peguei uma caneta na hora e lancei sobre o papel um presente ao rapaz, uma peraltagem manoeleira: “As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis. Elas desejam ser olhadas de azul”.}

Foi com o senhor que vi cenas nunca antes imaginadas nem no império brinquedeiro da minha infanciência. Com o senhor andei por um rio que cortava a tarde pelo meio. De azul, o senhor me mostrou outonos mantidos por cigarras e lamas fascinando as borboletas. Me mostrou um homem quase-árvore, que guardava um encolhedor de rios e um abridor de amanhecer {jamais vou me esquecer de como o abridor de amanhecer auroreia a terra}. O senhor me ensinou a apalpar os perfumes do sol. Me disse que as coisas que não existem são mais bonitas. E não entendi. E o senhor me deu um desafio: “ao voltar para a casa, fotografe o silêncio”. E tentei, tentei, mas não consegui sacar nenhuma imagenzinha do silêncio. E voltei para uma outra conversa. E perguntei como fotografar o que eu não via. E o senhor não me explicou, só me levou para perto de uma árvore em que pássaros gorjeavam. Que cena fecundante, que bonitezaria! E o senhor me perguntou: “por que o gorjeio é mais bonito do que o canto?”. Não soube responder, estava eu em estado de voz perdida, penetrado pelos gorjeios. Passou um tempo e o senhor continuou: “gorjeio é mais bonito do que canto porque nele se inclui a sedução. É quando a pássara está enamorada que ela gorjeia”. E o senhor pediu para eu olhar a árvore com atenção. “As árvores ficam loucas se estão gorjeadas”, disse. Sim, foi a primeira vez que vi o delírio de uma árvore. E foi como um balde de água cheio de fogos de artifício cremosos se derramando sobre meu olhar… Aí fotografei o silêncio do delírio da árvore gorjeada.

O senhor já me convidou para tantos festejos linguajeiros que nem há como agradecimensar tantas entradas no reino da poesia. O senhor é sábio em celebrar vazios – e sabe bem como chamar outros para partilhar sua fervura. O senhor convida homens sozinhos como pentes, que têm vozes em que nascem árvores. O senhor convida aves que sonham pelo pescoço, macacos que gorjeiam, lagartixas com odor verde, caramujos-flores, corós transparentes, ciscos feitos de gravetos, areia, grampos e cuspes de aves, mulheres de 7 peitos, moscas que se dependuram na beira de ralos, córregos, formigas ajoelhadas em pedras, baratas que passeiam nas formas de bolo, chuvas vestidas de sóis, meninos que veem a cor das vogais, sapos que sabem divinamentos, caracóis que não gosmam em latas, latas nuas e todos os tipos de pessoas com cabeças apinhadas de parafusos que farfalham.

Mestre Manoel, vidente das coisas trocadas, ousadioso dos instintos primevos, o senhor é mesmo o apogeu do chão. É quem monumentou as miudezas e também as formigas espremidas pela neblina. E o tibun das crianças. E a cobra de vidro que dá a volta por trás da sua casa.

O escrevimento dessa carta me deu vontade de rasgar inteirinhinha a fantasia da razão, está na cara que todos os caminhos levam à ignorância. Tenho gostos pela vadiagem com letras… Tenho que reaprender a errar a língua… E compartilho uma novidade: vou criar peixes no bolso, está decidido. Depois o senhor me manda algumas sugestões sobre cuidadoria de cardumes bolsais? Quem sabe dá para criar um Tratado Geral das Criações no Bolso.

Me despeço… Enquanto me despeço, remexo, com um pedacinho de arame, o poço das lembranças manoeleiras que guardo em mim. Os ventos levam-me para longe, os ventos lhe levam para longe… Manoel, Manoel, Manoel, Manoel, Manoel, Manoel, Manoel, Manoel, Manoel, Manoel, Manoel, Manoel, Manoel, Manoel, Manoel, Manoel… repetir, repetir, repetir… até ficar diferente, até contrair visão fontana.

Que uma chuva de pingos de sol leves caiam feito mel sobre o senhor. Já é hora de eu tomar meu banho no orvalho da manhã.

Tibun.

André Gravatá

Obs.: Mestre Manoel, não foi possível amarrar o tempo no poste… Minutos antes de eu partilhar a carta que escrevi para o senhor, escrita com a água da fonte que sai dos olhos, o senhor voou fora da asa. Agradecimenso por pintar tantos azuis no mundo. Que o fim lhe olhe de azul também. Que o fim lhe olhe de azul. Manoel, Manoel, Manoel…

Reproduzido de André Gravatá
13 nov 2014




Comentário de Paqonawta:

Há séculos que eu não era envolvido por gotas tão iridescentes nos tibuns da vida. Correndo e cruzando as pernas no ar, me jogando todo encolhido nesse mar de sentimentos e pensamentos e, depois, abrindo o corpo inteiro e flutuando no multicolorido revoado dessa carta de amor e gratidão... Sorri, co-movido nessa e-ternuridade!

Leo Nogueira Paqonawta

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Eduardo Galeano: “O entusiasmo é uma vitamina “E “ - de Entusiasmo


Eduardo Galeano: “O entusiasmo é uma vitamina “E “ - de Entusiasmo

Depoimento de Eduardo Galeano na Praça Catalunya em 24 mai 2011, sobre as manifestações políticas na Espanha.

“O entusiasmo é uma vitamina “E “– de Entusiasmo -, que vem de uma palavra grega que significa “ter os deuses dentro”. E toda a vez que eu vejo que os deuses estão dentro de uma pessoa ou de muitas, ou da natureza, ou das montanhas, ou dos rios, eu digo: isso é o que me falta pra eu me convencer de que viver vale a pena. E que viver está muito, muito, muito além das mesquinharias da realidade política onde se ganha ou se perde… E da realidade individual, também. Ganhar ou perder na vida… isso importa pouco! Em relação com esse outro mundo que te aguarda. Esse outro mundo possível. Que está na barriga deste.

Vivemos um mundo infame, eu diria. Não nos incentiva muito… Um mundo mal-nascido. Mas existe outro mundo na barriga deste. Esperando… E é um mundo diferente. Diferente e de parto complicado. Não é fácil o seu nascimento. Mas com certeza pulsa no mundo que estamos. Um outro mundo que “pode ser”, pulsando no mundo que “é”. Essas manifestações espontâneas na Espanha são prova disso. E alguns me perguntam: “Mas o que vai acontecer?! E depois?! O que vai ser?!” E eu simplesmente digo o que nasce da minha experiência: Bom… Nada. Não sei o que vai acontecer. E não me importa o que “vai” acontecer. Me importa o que “está” acontecendo. Me importa o tempo que “é”. E o que “é” é o tempo que se anuncia sobre outro possível que acontecerá. Mas o que acontecerá no fim, não sei.

É como se me perguntassem quando me apaixono, quando vivo uma experiência de amor a fundo de verdade, quando sinto que vivo e não me importo se morrerei nesse momento mágico de amor, quando acontece. Pois então… O amor é assim! “É infinito enquanto dura”. E é importante que seja infinito enquanto dura. Não temos que planejar tudo como se estivéssemos fazendo o balanço de um banco. Assim: “Dívida, balanço, saldo. Estatísticas, probabilidade. O que nos espera?”. E o que me importa a merda que nos espera?

Esses tecnocratas de quinta categoria… são uns ignorantes! Não sabem nada de nada (“un carago de nada!”) e ganham uns salários imensos! E, em cada crise que eles desatam, acabam aumentando suas fortunas! Porque são recompensados por essas façanhas que consistem em arruinar o mundo! Esse é um mundo ao contrário: que recompensa os seus arruinadores ao invés de castigá-los. Não tem nenhum preso, entre os banqueiros que promoveram, provocaram essa crise no planeta inteiro. Nenhum preso! E, por outro lado, há milhares de presos por terem consumido maconha! Ou por terem roubado uma galinha! Milhares de presos! É o mundo do avesso! Um mundo de merda! Mas não é o único mundo possível. E cada vez que eu me junto a essas concentrações lindíssimas com os jovens, penso: Há um outro mundo que nos espera.

Esse mundo de merda está grávido de outro. E são os jovens que nos levam para frente. Esses jovens excluídos pelas seleções regidas pelos interesses dos partidos políticos, nos quais eles já não votam! Eu tô chegando agora da América do Sul. Os jovens chilenos não votaram lá no Chile. 2 milhões de jovens chilenos não votaram! Não votaram porque não crêem na democracia que oferecem a eles. E quantos jovens não votaram na Espanha? Não sei. Nem foram contados. Mas, dentro dos 10 milhões de espanhóis que não votaram, deve haver muitos jovens. E não é que não acreditem “na” Democracia. Não! O que acontece é que não acreditam “nessa” democracia manipulada, nesse nome seqüestrado pelos banqueiros, pelos políticos mentirosos – “artistas de circo” que oferecem uma pirueta diferente a cada dia.

Havia um velho político no Uruguai, morreu há muitos anos, que não era revolucionário nem nada, era um político do sistema, mas era um homem que conhecia a vida mais que muitos outros. Chamava-se Herrera, falava fanhoso. Quando lhe ofereceram um candidato, na lista do Partido Nacional, perguntado “o que você acha de fulanito para senador?”, ele disse: “Não, não, não! Porque esse é um redondo!” Ele chamava de “redondo” àqueles que ficavam “redondos” de tanto girar. Era verdade! E na realidade política atual há uma imensa quantidade de “redondos”, que ficam “redondos” de tanto dar voltas. E os jovens têm culpa de não acreditar nos “redondos”? Ou são os “redondos” que têm culpa de os jovens não acreditarem neles?

Bom, eu gosto de estar aqui conversando, porque é disso que eu gosto: jogar conversa fora. Se você tivesse me pedido para eu oferecer minha versão sobre o futuro da humanidade, eu teria dito: não! Eu gosto de jogar conversa fora, conversar com meus iguais, porque são iguais a mim. Porque somos todos iguais na luta por uma vida diferente. E tomara que isso siga vivo, porque senão… pra que merda viver? Se não for porque creio em algo melhor que isso? Mas não quero transmitir nenhuma mensagem para a humanidade.

Eu estive aqui conversando, me filmaram e tal… Tudo bem. Mais nada. Mais do que isso não posso, porque não sou um guru de nada, nem sábio… Além disso, confesso: os intelectuais me dão pena. Eu não quero ser intelectual! Quando me chamam de “distinto intelectual”, eu digo: Não! Não sou! Os intelectuais são os que divorciam a cabeça do corpo. Eu não quero ser uma cabeça que rola por aí. Sou uma pessoa! Sou cabeça, corpo, sexo, barriga, tudo! Mas não um intelectual, esse personagem abominável!

Como dizia Goya: “A razão cria monstros”. Cuidado com quem somente raciocina! Cuidado! Temos que raciocinar e sentir. E quando a razão se separar do coração, comece a tremer. Porque esse tipo de personagem pode levar ao fim da existência humana no planeta. Eu não vejo a vida como eles. Eu acredito nessa fusão contraditória, difícil, mas necessária entre o que se sente e o que se pensa. Então, quando aparece alguém que só sente, mas não pensa, eu digo: é um sentimental. Mas quando só pensa e não sente, eu exclamo: Ai, que medo! Que horror! Que coisa espantosa! Uma cabeça que rola!

Essa sabedoria não me interessa mais. Me interessa a sabedoria que combina o cérebro com as tripas. Que combina tudo! Sem esquecer nada! Porque a cabeça sozinha é muito perigosa. É como o louvor ao dinheiro, um hino que se lança a cada dia. “Ah, que maravilha a liberdade do dinheiro”. A liberdade dinheiro é inimiga da liberdade das pessoas. Muito cuidado com o dinheiro livre. É muito pior que um animal selvagem livre. Não! Dinheiro livre não! Foi isso o que provocou as maiores catástrofes da humanidade.

O importante é que nós, as pessoas, sejamos livres. E plenamente conscientes de que somos parte da natureza. Esse foi o mandamento que Deus esqueceu: “Serás parte da natureza. Obedecerás à natureza de que fazes parte”. Deus se esqueceu porque estava ocupadíssimo… Mas está em tempo de recuperar isso.”

Reproduzido em 11 nov 2014

Juliana Doretto: Por que gosto de crianças


Por que gosto de crianças

Por Juliana Doretto
Coluna Ruth de Aquino
Época

Esqueça essa história de que elas são puras, angelicais e ingênuas. O ser humano não é assim; e elas não são alienígenas. Também não quer dizer que perto delas nos sentimos mais jovens. Balela: elas têm uma energia que nos faz lembrar como já tivemos mais fôlego. Elas são engraçadas o tempo inteiro? Ao contrário. As menores não se constrangem em mostrar a tristeza e, como num drama televisivo mexicano, aprofundam a dor enquanto podem.

Eu gosto de crianças porque elas são um desafio. Pouco treinadas na arte das regras sociais, subvertem os códigos das respostas esperadas, dos comportamentos aceitáveis, do contrato de boas maneiras. Eu não quero dizer que adoro crianças birrentas e mimadas. Aliás, é comum ouvirmos hoje que os “miúdos”, como se diz cá em Portugal, estão cada vez mais terríveis. Mas não há nada de errado ou diferente com os meninos e meninas de hoje. O que parece ter mudado é o crescimento de uma dificuldade profunda dos pais em mostrar a seus filhos que a vida cotidiana é formada também por tijolos de frustração, entremeados por incompletude em massa.  O processo de educar, no sentido doméstico do termo, é mostrar que fazemos o possível, e conseguimos o que podemos.

A subversão a que me refiro é a resposta malandra, a esperteza de se saber mais inteligente do que seu interlocutor, mas esconder isso. Ou melhor: estar acostumado a sempre ser subestimado, e dar a volta, com brilhantismo, nessas situações. Eu, como pesquisadora e como jornalista, entrevisto meninos e meninas há uns bons anos. Já cansei de contar em quantas situações me senti uma estúpida, depois da argumentação brilhante da criança à minha questão – que eu achava muito bem articulada, até o seu desmonte total.

Não comece, caro leitor, com o discurso de que são as tecnologias que as fazem mais brilhantes do que nós éramos quando crianças. Você e eu já não nos lembramos muito bem das situações vividas na nossa infância. E, pelo que eu saiba, todo pai e mãe babões dizem ter filhos superdotados até que o contrário seja mostrado. E isso desde muito antes do telefone de disco.

Além disso, em minha pesquisa de doutoramento, entrevisto crianças com diferentes graus de uso das tecnologias. E não houve, nesse ponto em questão, nenhuma diferença berrante. A criança é esperta porque está aprendendo a viver num mundo onde poucos acham que ela tenha algo importante a dizer: e isso se refere sobretudo ao lugar que lhes é atribuído por excelência, a escola. Que o digam os bravos professores que lutam contra essa ditadura do silêncio infantil na sala de aula.

Vamos a exemplos, para clarificar meu ponto. Dou um livro a um menino e pergunto se ele gostou: “Não sei, ainda não li”. Pergunto a outro se ele é amigo de todas as pessoas que ele tem no Facebook: “É claro que não. Desde quando amigo do Facebook é amigo de verdade?”. Pergunto à menina se o celular dela já tocou no meio da aula: “Já, foi sem querer, mas eu tento cumprir as regras. Já minha professora atende sempre...” E, no meio da entrevista, a garota disse que o papo estava muito chato, e resolve parar a conversa para tocar violão.

Já o adulto resiste bravamente à entrevista moribunda, e responde a todas as questões do entrevistador, mesmo com ar enfadonho. Afinal, é preciso ser educado. Falar mal de outra pessoa numa conversa com um jornalista? É preciso pensar bem nas consequências do ato. Mostrar que a pergunta do investigador foi estúpida? Melhor não ser rude, ainda que a expressão facial do entrevistado não esconda (por mais que ele queira) sua opinião.

Por isso, para se relacionar bem com crianças que não são nossas filhas ou alunas (ou seja, com quem não temos muita convivência) é preciso, em primeiro lugar, ter respeito. Porque dali não virá o tipo de comportamento a que estamos acostumados. Dali virá uma esperteza refinada e uma sinceridade ponderada: elas já sabem que não podem contar tudo, mas a forma como escolhem o que dizem não está no nosso catálogo social. Faz parte da maneira como elas descobrem o mundo, dos códigos que já absorveram ou não.

Por isso eu gosto de crianças. Porque elas são tão mais bem-humoradas do que os adultos. Elas tiram sarro na nossa cara, e fingem que não têm consciência do que estão a fazer. Com as bobagens que andamos ouvindo em época pós-eleitoral, seria bom aprender com a brejeirice das crianças.


Juliana Doretto . Paulista, jornalista e faz doutorado em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa

Reproduzido de Época
09 nov 2014

Conheça a página “O Jornalzinho” (Diário de uma pesquisa de jornalismo infantil) de Juliana Doretto, e o perfil da jornalista/pesquisadora, clicando aqui. Mais informações sobre seu livro "Pequeno leitor de papel", clicando aqui.


Comentário de Filosomídia:

Gostei muito de sua crônica e das cutucadas que nos dá para refletirmos a respeito de como nos relacionamos com as crianças - filhas e mesmo as desconhecidas - na vida, em casa, na escola e na pesquisa nesses dias atuais. Nossa "desconcertância" em frente a elas coloca esse desafio de apurarmos nossas percepções e superarmos limites que colocamos nessa relação eventualmente marcada por preconceitos, presunção na "vontade de dominação" delas e, decerto mal humor.

Lembrei de Jorge Larossa em "O enigma da infância" no "Pedagogia Profana" e algumas citações bem provocativas dele, por exemplo, Peter Handke: "nada daquilo que está, constantemente, citando a infância é verdade; só é aquilo que, reencontrando-a, a cita". Você, Juliana Doretto, citou e mandou bem. Obrigado e, vamos que vamos nos desconcertando, des-cobrindo essa criançada e nos des-cobrindo com elas em meio a esse mundo, digamos, tão complicado, que nós insistimos em viver...

Bem ver, bem ouvir e bem falar com as crianças é difícil, é fácil...

Paqonawta

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Tião Rocha: A escola deveria parecer um parque de diversões


A escola deveria parecer um parque de diversões, diz educador

Por Marcelle Souza
Foto Danilo Verpa

Tião Rocha descobriu há 30 anos que era possível fazer educação debaixo do pé de manga, em roda, sem currículo fixo, sala de aula e hierarquia.

Para ele, o segredo é pensar a educação como algo plural, que leva em conta “os saberes, os fazeres e os quereres” de todas as pessoas envolvidas no processo. Uma educação que não exclua nem selecione, mas que respeite o tempo de aprendizado de cada um.

“Infelizmente a escola não é uma coisa prazerosa. Esse é o grande desafio. A escola deveria se assemelhar muito mais a um parque de diversões, um lugar prazeroso. A escola hoje se parece muito mais com uma fábrica, que tem sino para entrar, sino para sair, a cada 50 minutos muda a matéria, tem uma hierarquização danada, aí deixa de ser fábrica e vira uma cadeira, um quartel, e às vezes chega ao ponto de parecer um hospício”, afirma.

Rocha é fundador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, organização não-governamental que atua nas áreas de educação popular e desenvolvimento comunitário sustentável. Ele participa na próxima quinta-feira (06/11/14) de um dos debates do Wise (World Innovation Summit for Education), um dos principais eventos internacionais de educação, realizado nesta semana em Doha, no Catar.

Boa educação exige bons educadores

Ele defende que a boa educação só é possível com bons educadores –aqueles que não se posicionam como detentores da toda a sabedoria e que são capazes de compreender que todo mundo tem algo a ensinar.

“O bom educador é aquele que se propõe a ser um aprendiz, tem que aprender o outro, que é perceber a potencialidade do outro e dar as oportunidades para crescer”, afirma.

Na sua opinião, o bom educador “não fica citando autores, não é um repetidor de ideias”, mas é aquele que constrói a sua própria pedagogia. “A educação só existe no plural, tem que ter no mínimo duas pessoas (o eu e o outro). Se o professor e o aluno são pessoas diferentes, a relação entre eles tem que ser de iguais. Ou seja, não tem o que sabe mais ou o que sabe menos, não existe isso, são experiências distintas, pessoas distintas”.

Isso só é possível, afirma o educador, quando cada um se sente acolhido dentro do processo educativo. Para pensar uma educação onde todos são ouvidos e ajudam a construir os saberes, ele criou a pedagogia da roda. Ela surgiu quando ele  juntou pessoas debaixo de um pé de manga, e percebeu que ali não havia hierarquia e que em círculo todas as pessoas conseguiam se olhar nos olhos.

A partir daí, novas ferramentas foram construídas, como o cafuné pedagógico. “É uma coisa simples: só dá cafuné para o outro quem aprendeu a ter cafuné na vida. É criar acolhimento para aqueles que ainda não tiveram isso. Todos nós precisamos de colo”.

E justifica a adoção do método: “Quanto mais produzir afetos, generosidade, mais as pessoas vêm. Eu não conheço nenhuma criança que possa ter aprendido e se desenvolvido plenamente na base do castigo. Agora, eu conheço centenas de milhares que aprenderam e cresceram cidadãos plenos à base do afeto”, afirma.

Quebrar as paredes


Mas o que seria essa escola do futuro? Para Rocha, uma escola bem diferente da que temos hoje. “Se a gente não mudar o jeito de ensinar, não adianta. Não é questão de verba, é questão de mudar efetivamente, romper, quebrar com essa grade curricular, quebrar as paredes que estão dentro escola”, afirma.

“Hoje as crianças têm um currículo que metade das informações são inúteis. Ou então ele aprende um monte de gramática, mas não aprende a gostar de ler.  O aluno fingindo que aprendeu, o professor finge que ensinou, a escola finge que existe, o Estado finge que paga e nós estamos pensando que essa educação forma. Ela finge que forma”, diz.

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Tião Rocha é antropólogo “por formação acadêmica”, educador popular “por opção política” e folclorista “por necessidade”. Idealizador do CPCD (Centro Popular de Cultura eDesenvolvimento).


Reproduzido de CPCD . Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento . BHZ
07 nov 2014

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Comentários de Paqonawta:

A escola como um Porto e professores, crianças e comunidade escolar sempre em rumo ao des-conhecido, buscando e se entregando com alegria, amor, paixão, inquietação, curiosidade, imaginação, criatividade, solidariedade a um outro espaço/tempo de descobertas... Eita nós!


Uma escola imaginada pelas crianças e criada por elas, com elas, para elas, cafuneante, descobrincante...

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

III Festival Infantil del Audiovisual La Espiral 2015


III Festival Infantil del Audiovisual La Espiral 2015

Para niños de cualquier país, de cualquier planeta (+ Fotos y Video)


Ivette Ávila hace cosas sus manos. Usa cera, tela, cartón, casi cualquier material que sirva para dar vida. Y tanta les insufla que cierta ocasión alguienla abordó en la calle para contarle conmocionado que una criatura suya, una vez llevada a casa, había pestañado.

Es ella, bióloga devenida animadora, la presidenta del Festival Infantil del Audiovisual La Espiral, que abre la convocatoria a su tercera edición, en La Habana entre el 13 y el 21 de marzo de 2015.

Nacido en 2012, ha mostrado gran diversidad de propuestas en cuanto a visualidad y contenido, pero su principal relevancia está en el protagonismo de los niños, incluso como cineastas. Sus sedes han acogido más de un centenar de obras audiovisuales hechas por niños y adolescentes de Cuba, Argentina, Colombia, Bélgica, Francia, Finlandia, Congo, Venezuela y otros países.

Ivette describe La Espiral, más que como un festival, como “una fiesta para los niños y adolescentes…con una participación activa de ellos, totalmente protagónica: en este espacio (que cada vez tiene más sedes físicas) los niños acceden a películas hechas por otros niños, eligen y premian, pueden intercambiar con realizadores, ver exposiciones sobre el cine de animación o de obras plásticas hechas por niños, asisten a obras de teatro o a talleres donde aprenden más sobre el cine.


¿Quiénes intervienen en La Espiral? ¿Cómo seleccionan las obras?

Realmente somos 2 o 3 los organizadores, pero hemos involucrado instituciones y centros donde hemos recibido una ayuda incondicional e indispensable para nuestro crecimiento, que ha sido exponencial.

Por ejemplo, pudiera mencionar en primer lugar a nuestra “productora” CUCURUCHO donde todos trabajamos por amor: un grupo de amigos que ha decidido crear y apostar por un proyecto como este que amplifica nuestro proceso de creación.

La sede oficial del festival es el Centro Hispanoamericano de Cultura de la Oficina del Historiador de la Ciudad; un lugar especial, una verdadera casa. El apoyo de sus especialistas ha facilitado que cientos de niños y adolescentes de Centro Habana y La Habana Vieja hayan asistido a nuestras muestras.

No debo dejar de mencionar a instituciones como Los Estudios de Animación del ICRT y sus realizadores que cada vez que han sido convocados acuden con tremendo entusiasmo. Los Estudios de Animación del ICAIC han sido de gran ayuda, sobretodo en la segunda edición, que nos apoyaron muchísimo en la logística y el soporte técnico. De ambas instituciones cada edición nos han llegado trabajos que han estado en concurso y han sido valorados por nuestros jurados infantiles.

Debo mencionar además a la editorial Gente Nueva, la Casa Editora Abril, la Sociedad Cultural José Martí, la AHS y su salita de proyección del Pabellón Cuba, la Fundación del Nuevo Cine Latinoamericano, el Pabellón Infantil Tesoro de Papel, y otras muchas instituciones y personas que se han involucrado en esta aventura nuestra.

Pero sobre todo intervienen los amigos, que entran y salen de nuestras actividades donando su tiempo libre y sus energías, supervisando una proyección, ayudando en la producción, fabricando estatuillas de barro, o haciendo una animación bajo el fuerte sol del mediodía, en plena Feria del Libro, en La Cabaña.

No tenemos jurados de admisión, todas las obras que recibimos participan y se proyectan. Nunca hemos tenido que dejar una obra fuera de las muestras por su contenido o forma, porque en nuestra esencia misma está la intención de mostrar audiovisuales que han nacido espontáneamente del sentir y pensar de los niños y adolescentes.


¿Por qué un festival dedicado a la creación audiovisual de niños?

Realmente el festival tiene 2 grandes intenciones: Una la obra de los niños y mostrar obras hechas por adultos para ellos.

El acceso a las tecnologías ha facilitado que el video o el uso de los software sean accesibles desde edades tempranas. Pero esos primeros experimentos quedan engavetados o en el mejor de los casos como patrimonio de una familia que lo consume o muestra orgullosa. ¿Acaso no deben saber nuestras sociedades que piensan nuestros niños? ¿Cómo sienten el mundo, como lo metabolizan ¿Cómo lo transforman a su antojo en su imaginario, poniendo sus anhelos o sus necesidades disfrazadas de cuentos, fantasías, historias? Creo que este espacio era necesario y que debía amplificarse aún más.

Yo realmente no era consciente de esto hasta que comencé a dar talleres para niños, donde creaban una película animada de principio a fin, con un tremendo esfuerzo y una vez que las mostrábamos a sus padres, se me quedaban ahí… y eran tan buenas que el mundo merecía verlas. Por eso se me ocurrió la idea del festival.

¿Cómo ha evolucionado el festival a la altura de su tercera edición?

Bueno, ya vamos para la tercera…la vencida…mejor dicho, la de vencer.En esta edición tenemos la intención de organizar más proyecciones, en más sedes y de hacerlo un evento nacional simultáneo.

Le hemos hecho la propuesta al Centro Martin Luther King de apoyarnos con su Red de Educadores Populares y que por toda la isla, en los días de La Espiral, los niños muevan ideas, vean un cine diferente, lo valoren. Ellos han accedido y ya lo estamos viendo como un nuevo salto cualitativo.

Aumentaremos las actividades colaterales y pretendemos hacerlo todo más interactivo aún, por ejemplo, tenemos una idea loca que es hacer una película animada entre los muchos niños que asistan a algunas de nuestras sedes…una especie de cadáver exquisito bien espontáneo!

Un detalle importante que puede marcar la diferencia entre nuestras perspectivas y lo que logremos realmente es la promoción… para que lo que organizamos con tanto esfuerzo se aproveche al máximo.

Nuestra idea no es hacer publicidad solo para que los padres lleven a los niños a las actividades, eso estaría bueno…pero sería mucho mejor que pudiéramos ser más activos en las escuelas… tú no te imaginas q espectacular es cuando el niño va a la escuela como cualquier otro día y descubre de pronto un cine en un aula o en un comedor!Y la verdad, cuando hacemos cosas como esas es un día único para ellos.

O cuando los niños de todo un grado de una escuelita llegan al Centro Hispanoamericano u otra sede, esos niños que se conocen del día a día, comparten las proyecciones de una forma diferente, más divertida, socializan más la actividad, se abrazan, se burlan o asombran con sus compañeros y lo que más me gusta de todo es que aquellos niños que usualmente no son llevados a estos eventos por su familia, tienen también su momento especial, y quizás ven por primera vez una obra de teatro hecha por otros niños, una exposición de artes plásticas o un cine, en vez de la TV de cada día.

¿Cómo se realiza un festival independiente en Cuba?

Pues así, con bomba, tocando puertas, sensibilizando a la gente y trabajando muchopor lo que uno cree.


Bases de La Espiral

1. Concurso Cine hecho desde la infancia (por niñ@s y adolescentes).

Podrán participar obras cuyo equipo de realización esté conformado en su mayoría por niñas, niños o adolescentes (hasta 15 años de edad) de cualquier país o planeta. Las obras no deben exceder los 15 min de duración, ni deben tener más de 5 años de realizadas, o sea, se recepcionarán obras realizadas entre enero de 2009 y diciembre de 2014.

- Cada obra deberá entregarse en un DVD o CD. El formato podrá ser .mov, .avi, h264 o DVD NTSC.

- De tener diálogos, estos deben ser en español o estar traducidos o subtitulados al español.

- Cada obra deberá acompañarse de la ficha técnica que se adjunta al final, fotograma y foto del realizador o los realizadores.

- Se debe aclarar en la ficha técnica si el audiovisual es el resultado de un taller o si los jóvenes realizadores trabajaron solos, sin la intervención de adultos.

- De presentarse más de 2 obras por equipo, se pueden incluir en un mismo DVD, en carpetas separadas. La ficha técnica puede estar incluida en el mismo disco de entrega.
Se podrá concursar en las siguientes categorías:

a) Película animada (realizada utilizando cualquier técnica de animación)
b) Película de video (filmada en formato digital, puede ser ficción o documental)
c) Video clip (en cualquier técnica)

Plazo de admisión: 10 de septiembre de 2014 hasta 31 de enero de 2015.

PREMIOS: Se otorgarán 3 premios por categoría: Espiral de bronce, plata y oro. Los premios consistirán en Certificado acreditativo, trofeos para el equipo de realización y sorpresas.

2. Concurso Cine de Animación para la niñez y la adolescencia (hecho por adultos).

En el caso de realizadores adultos solo serán admitidas obras animadas o en las cuales predomine la animación, ya sean independientes o institucionales, de cualquier país.

Podrán participar obras realizadas para público infantil o adolescente, utilizando cualquier técnica de animación y que no exceda los 15 min.

Este año se mantienen las 2 categorías de concurso:

a) Cortometraje
b) Video Clip

- Cada obra se entregará en un DVD o CD, en formato .mov, .avi, h264 o DVD NTSC, no más de 2 obras por autor (de presentar 2 obras, el autor puede incluir ambas en un mismo DVD o CD pero en carpetas separadas).

- De tener diálogos, estos deben ser en español o estar traducidos o subtitulados al español.

- De presentarse más de 2 obras por equipo, se pueden incluir en un mismo DVD, en carpetas separadas.

- Cada obra deberá acompañarse de la ficha técnica que se adjunta al final, fotograma y foto del o los realizadores. La ficha técnica puede estar incluida en el mismo disco de entrega.

Plazo de admisión vence: 31 de enero de 2015.

PREMIOS: Se otorgarán 3 premios por categoría: Espiral de bronce, plata y oro. Los premios consistirán en Certificado acreditativo, trofeo y obras de artistas plásticos.

Ficha técnica

La ficha técnica a entregar con cada obra audiovisual debe contener los siguientes datos:

Título
Tiempo de duración
Año de producción
Nombre del director o equipo de realización
Dirección particular
Teléfono

Correo electrónico
Sinopsis

Fotograma a 300 dpi y a 72 dpi de la obra.
Foto de los realizadores

Contactos:

Ivette Ávila Martín (Presidenta)
ivespiral@gmail.com

Dirección Postal
III Festival Infantil del audiovisual “La Espiral 2015”
Centro Hispanoamericano de Cultura
Malecón #17, entre Prado y Capdevila
La Habana
Cuba

Teléfono: (537) 8606282

Este festival está organizado por Producciones Cucurucho y cuenta con el apoyo del Centro Hispanoamericano de Cultura, Estudios de animación del ICRT, Estudios de Animación del ICAIC, entre otras instituciones y organizaciones.

Reproducido de Cuba Debate
07 nov 2014

Vea un resumen de cinco años de trabajo de Producciones Cucurucho: